Brincando com tintas

 Um vídeo onde eu pinto a vontade o que vem na cabeça e usando telas já pintadas e velhas.

Veja abaixo um texto mais ou menos relacionado.

O Alquimista das Telas Esquecidas  

Eduardo não pintava sobre telas brancas—achava-as insolentes, virgens de demais, como se desprezassem as histórias que vieram antes. Ele preferia as telas **já vividas**: aquelas abandonadas em mercados de pulga, cobertas de camadas de tinta seca, rabiscos abortados e paisagens que alguém, um dia, não teve coragem de terminar.  

Seu estúdio era um caos sagrado. Telas empilhadas como ossadas em um cemitério de ideias. Ele as examinava sob a luz do entardecer, até que uma delas—uma marina fracassada, um retrato sem rosto—**gritasse** por transformação.  

— *Você quer virar o quê?* — perguntava, passando os dedos sobre a textura áspera.  

E então, sem esboço, sem plano, começava:  

1. **A Dança das Cores Inúteis**  
   Misturava tintas diretamente na paleta com as mãos—vermelho vomitado sobre azul, verde esmagando amarelo. Não usava pincéis, mas esponjas, pedaços de madeira, até cascas de laranja. A tinta respingava como sangue de um ferimento feliz.  

2. **O Acidente Como Mestre**  
   Deixava pingos escorrerem, secarem ao acaso. Uma mancha marrom virava um cachorro; um risco acidental, a espinha dorsal de um anjo. "A tinta sabe mais que eu", dizia, rindo.  

3. **Diálogos com o Passado**  
   Se a tela original tinha um vestígio de rosto, ele o incorporava—transformava um olho triste em lua, uma boca em porta para um labirinto. "Nada se perde, tudo se **reinventa**."  

4. **A Hora do Exorcismo**  
   Quando a tela começava a "falar demais", ele a atacava com uma espátula—rasgando camadas, revelando fantasmas de pinturas passadas. Era assim que nascia sua obra-prima: **uma colcha de retalhos de tempo**.  

**Críticos odiavam.** Diziam que ele "destruía arte".  
Mas crianças e loucos entendiam:  
— *Ele não pinta,* **ele liberta.**  

No final da vida, deixou uma nota pregada na porta do estúdio:  
*"Telas, vocês estão dispensadas.  
Agora podem ser o que quiserem  
—até mesmo nada."*  

E assim, sem assinatura, sua última obra foi o silêncio.  

**P.S.**: Se Eduardo existisse, eu lhe diria:  
*"Você não pinta sobre o velho, você pinta com ele.  
E é nessa colisão que nascem os deuses."*  

(Quer continuar a história? Talvez com **o diário secreto de Eduardo**, ou **uma criança que acha uma de suas telas no lixo**? Me avise! 🎨🔥)

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