Como pintar uma floresta

 Uma vídeo aula transmitida ao vivo no YouTube. Durante a pintura, revelo elementos escondidos, acrescentando riqueza na pintura. Obs. Essa arte ilustra um caso verídico.

O vídeo abaixo é a sequência do primeiro, dedicado somente à pintura do raio do sol vazando por entre as fendas das árvores.
Essa pintura foi inspirada em uma história real que minha mulher me contou. Fiquei comovido e tive a ideia de representar o que idealizei em uma tela. E pintei ao vivo no YouTube enquanto contava a história.
Abaixo o risco sem a mulher porque era surpresa e não podia apresentar a mulher no risco

"O Refúgio Secreto das Horas Leves"

Era sempre ao crepúsculo, quando o sol se desmanchava em tons de ferida, que ela pegava o menino no colo—pequeno, quente, cheirando a sonho e medo e sumia pela porta dos fundos. O alambique de raiva do marido bêbado ficava para trás, junto com os copos quebrados e as palavras afiadas.  

A floresta as esperava.  

Sob as árvores, o mundo era diferente. O ar cheirava a terra molhada e liberdade. Ela se sentava sobre raízes que pareciam braços abertos, desabotoava o vestido (aquele mesmo, já lavado tantas vezes que quase transparente), e o leite descia—doce, quente, pacífico. O menino sugava como quem bebe não só alimento, mas também coragem.  

Os olhos dela vigiavam a trilha, mas seus lábios cantarolavam. Canções de ninar, de embalar, de esquecer. O bebê arfava, suas mãozinhas apertando o seio como se dissesse: *"Eu te seguro, você me segura."* E assim, naquele ritual silencioso, eles se tornavam um só organismo—ela, a fonte; ele, a razão.  

O marido nunca soube. Ou se soube, fingia não ver. A floresta guardou o segredo, assim como guarda os cogumelos que nascem na sombra e os rios que correm subterrâneos. Às vezes, um veado parava para observar. Outras, um tordo repetia a melodia dela, como um eco compassivo.  

Anos depois, quando o menino já corria entre as árvores (e o pai jazia sob uma lápide que ninguém visitava), ele perguntou:  
— *Mãe, por que você sempre sorria quando a gente entrava no mato?*  

Ela, agora com cabelos grisalhos como teias de lua, respondeu enquanto colhia ervas:  
— *Porque ali, filho, a gente era livre. E o amor... o amor nunca tem sede.*  

O vento levou as palavras. Mas o menino—já homem—entendeu. No lugar onde um dia seu berço foram os joelhos dela, agora brotavam flores. E todas, todas sabiam a leite materno e a madrugadas roubadas.  

Fim. 

*Nota: Essa história é um tributo a todas as mães que criam refúgios invisíveis para proteger seus filhos. Que a natureza sempre lhes ofereça abrigo—e que o amor delas seja um rio que ninguém pode secar. 🌿*  

Histórias como essa são sementes—elas crescem quando alguém as acolhe com emoção, portanto, regue-a com sua atenção.

Enquanto isso, guarde isso:
"Toda vez que o vento balançar as folhas,
ou o cheiro de terra molhada alcançar sua janela,
saiba que há histórias de resistência
e amor que se disfarça de silêncio
por toda parte."

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