As Guerras no presente
A terra, encharcada de lama e sangue, exalava um cheiro pesado de ferrugem e podridão. O céu, encoberto por nuvens espessas e cinzentas, parecia tão abatido quanto os homens que se encolhiam nas trincheiras rasgadas pela artilharia. Cada explosão distante sacudia o solo como um presságio sombrio, levantando colunas de poeira e destroços que ocultavam momentaneamente a silhueta disforme das árvores mortas.
Os soldados, cobertos de barro e exaustão, tinham olhares vazios — pupilas dilatadas por medo antigo, mais profundo que qualquer palavra pudesse traduzir. Alguns murmuravam orações para deuses esquecidos, outros fitavam o vazio, os dedos crispados sobre as armas úmidas. O vento trazia o cheiro acre da pólvora misturado ao fedor da morte, e o som cortante dos estilhaços se misturava aos gritos abafados de ordens e agonia.
Na trincheira, os minutos se alongavam como horas, e cada batida do coração era um lembrete de que a vida ali pendia por um fio fino, trêmulo e quase imperceptível. A guerra, indiferente, continuava sua dança cruel sobre corpos e esperanças despedaçadas. E ali, sob a chuva miúda e o céu sem estrelas, homens que antes tinham nomes e histórias eram reduzidos a sombras esperando pelo próximo disparo.
As Guerras no futuro
Um dia, quando o tempo tiver passado sobre os campos outrora devastados e as cicatrizes da terra forem cobertas por flores silvestres, os homens se sentarão ao redor de mesas tranquilas para contar histórias de uma época em que a humanidade perdeu-se de si mesma.
Falarão das guerras não com orgulho, mas com um peso triste na voz, como quem recorda um erro antigo, daqueles que deixam marcas no espírito coletivo. Será contado como os homens cavaram valas para se esconder uns dos outros, como ergueram armas contra irmãos desconhecidos, movidos por medos plantados e ambições que hoje parecem pequenas diante do valor de uma vida.
As crianças ouvirão esses relatos com olhos espantados, tentando imaginar como alguém pôde transformar o céu em cinza e a terra em sepultura. E os livros registrarão a guerra não como façanha ou conquista, mas como advertência — um lembrete sombrio do que acontece quando o ódio é cultivado e o diálogo se cala.
Nesse tempo, a guerra será motivo de vergonha, e não de glória. Um capítulo pesado nos livros de história, lido para que jamais se repita. E a humanidade, mais amadurecida, caminhará entre as ruínas antigas com respeito, não pelas batalhas travadas, mas pelas vidas que se perderam antes que o mundo aprendesse a ouvir, antes que a paz se tornasse o verdadeiro troféu dos homens.
Conteúdo com ajuda da IA
Comentários